Deixar um folheto no pára brisas do carro é o nível mais baixo da publicidade. Na rua podemos recusar, no correio podemos ter aquele autocolante que supostamente impede publicidade não endereçada, no carro , se não estivermos lá , e nunca estamos, não podemos fazer nada.
Pior mesmo só caca de pombo no puxador da porta.
99% das vezes a informação não é importante, nós não a pedimos e mesmo o 1% que poderia ter interesse a partir do momento que ali está é lixo! Para nós eles usaram o nosso carro como ecoponto azul.
Porque o que é que vamos fazer com aquilo? E quem é que fez poluição, eles ao colocarem lá o folheto , ou nós ao retirarmos disfarçadamente para o chão? Eu assumo a responsabilidade e tenho o carro cheio desses folhetos amarrotados à espera de os deixar num qualquer caixote do lixo. Mas não condeno quem os atira para o chão, há um prevaricador anterior, há uma empresa que acha que tem que deixar um papel no nosso carro.
E pior, quando chove? Quando chove e depois faz sol? O papel fica colado no pára brisas e deixa marca ao retirar. Isto é o equivalente publicitário a estar descalço e pisar uma peça de lego, mas a dor aqui é mental e igualmente irritante, no nervo “mais nervoso” que existe no nosso cérebro, o que eu chamo o nervo do autarca nortenho indignado misturado com o nervo das unhas a rasparem na ardósia do quadro da sala de aula.
Isto ainda é pior quando só reparamos no papel quando já estamos com o carro em andamento . É um elemento a mais que está ali onde não devia estar e que ainda por cima chama a atenção, como quando estamos a falar com alguém que tem um macaco no nariz e nada podemos fazer. Tento ligar o limpa pára brisas e , com sorte ele voa (eu sou responsável pela poluição??), outra hipótese é ele vir agarrado à escova e eu tentar apanhá-lo quando a escova vem junto à janela , aahhhhhhh, nervos!!!
Depois há a parte segregadora, aqueles folhetos de “compro todo o tipo de carros” eles estão como que a rotular-nos “gajo de carro velho, compra é outro”. No outro dia tinha um desses no meu carro e o Bentley estacionado ao meu lado nada, zero. O desgraçado que distribui os papeis é elitista, o sacana! Também o lixei, tirei do meu e meti no Bentley “Rei Leão Compro todo o tipo de carros usados, velhos, mesmo sem inspecção ”
Já não é possível de contar o número de concertos que António Zambujo e Miguel Araújo deram nos coliseus, para terem uma ideia do exagero já foram mais do que as comissões parlamentares sobre Camarate. Diz mesmo que a Direcção Geral de Saúde já considera isto uma epidemia e anunciou para breve uma vacina que inibe os portugueses desta vontade louca de os verem ao vivo. Enquanto isto esta semana vi milhares (?) de pessoas à porta da abertura da loja Primark em Almada. Como há pelo menos duas lojas destas em Lisboa, quer isto dizer que já não é preciso construir outra ponte sobre o Tejo? O cúmulo de um espectáculo em Portugal seria um concerto numa inauguração de uma loja Primark, com o Renato Sanches a dar toques numa bola enquanto o António Zambujo e o Miguel Araújo tocavam dentro de uns preservativos de renda feitos (leia-se a mando de) pela Joana Vasconcelos. Seria preciso chamar os capacetes azuis da ONU.
No mesmo dia um homem desvia um avião por amor e pelo mesmo motivo, uma mulher atira-se ao mar nadando 500 metros atrás de um navio de cruzeiro onde, supostamente, estaria o seu marido com quem teria tido uma discussão. Mas a maior prova de amor desse dia foi dada por Fernando Santos que aos 61 minutos de jogo entre Portugal e Bélgica retira Nani e faz entrar Éder.
Há uma anedota antiga que conta que a mulher está no hospital ao lado da cama do marido moribundo e este diz-lhe: -” Sabes querida, quando eu fui despedido tu estiveste sempre ao meu lado. Quando eu resolvi abrir um negócio e depois este faliu, tu estiveste sempre ao meu lado. Quando eu quis comprar o carro desportivo, tu estiveste ao meu lado. Quando tivemos o acidente de carro , tu estavas ao meu lado. Agora que estou aqui às portas da morte tu estás ao meu lado. Sabes uma coisa?” “-Diz, meu amor” -”Acho que tu me dás azar”
É exactamente isto que penso em relação aos 30 anos de Cavacaria , ele esteve sempre lá no poder ou a rondar e, no MÍNIMO, deu muito azar. Pode ser que agora passe. Baza, Aníbal!